As tecnologias digitais acompanham-nos nas mais
ínfimas tarefas e a facilidade e até naturalidade com que acedemos à informação
e ao conhecimento, partilhamos, colaboramos, interagimos, tanto em trabalho
como nos tempos livres, é uma realidade inquestionável. É na perceção desta
situação que, no Currículo Nacional do Ensino Básico em Portugal, as TIC se
apresentam numa transversalidade disciplinar inerente à aquisição de
competências e ferramentas que os indivíduos deverão possuir para uma verdadeira
integração na sociedade em constante evolução digital, verificando, contudo,
que tal não se verifica na prática.
As Metas de Aprendizagem definidas em cada área
específica devem considerar, consoante o conteúdo, objetivos, num contributo
para o desenvolvimento global do indivíduo, a utilização significativa das TIC,
estabelecendo-se, para tal, as competências específicas na área das TIC, em
articulação com as áreas disciplinares, e a sua progressão desde o pré-escolar
ao secundário. Tendo como base a perceção do potencial pedagógico das TIC nos curricula e, através das boas práticas,
da mais valia e contributo importantes na construção e afirmação de um saber
mais sustentado, porque transdisciplinar e unificador, por parte dos alunos, Costa (Costa et al, 2010; p.934) apresenta-no-las em
três planos – o primeiro, como uma apropriação das próprias tecnologias; o
segundo, em quatro competências presentes transversalmente em TIC, a saber:
informação, comunicação, produção e segurança, operacionalizadas em cada
disciplina; surgem também nas competências transversais gerais em TIC propiciadoras
de um desenvolvimento integral do indivíduo. A questão que se coloca para que a
utilização das TIC não seja somente uma forma de consolidar conhecimentos fora
da sala de aula, implica uma mudança de atitude e de conceção do processo de
ensino-aprendizagem centrada no aluno, sendo este o próprio agente construtor
do saber, respondendo a desafios, numa aprendizagem construtiva, partilhada e
crucial para o desenvolvimento de competências para uma autonomia na tomada de
decisões ao longo da vida. Os professores por outro lado, deverão ter
competências no âmbito da diferentes literacias para poderem responder
eficazmente os desafios que lhes são colocados.
Salienta-se nesta senda, o valioso contributo do
documento “Aprender com a biblioteca escolar: referencial de aprendizagens
associadas ao trabalho das bibliotecas escolares na Educação Pré-escolar e no
Ensino Básico” produzido pela RBE que, no contexto das transformações
introduzidas pelas TIC e da sua prevalência em sociedade, reitera o papel
formativo da BE, através da sua acção e mediação, na promoção das literacias da
leitura, dos média e da informação, operacionalizadas de forma clara e
progressiva nos vários ciclos de aprendizagem, alicerçadas nas literacias
digitais que suportam transversalmente as várias práticas, nos vários contextos
e apresentando propostas inovadoras de trabalho colaborativo, promovendo o uso
consciente de recursos e ferramentas em contextos formais e informais.
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